terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Exercício


O gesto somente faz sentido na harmonia com o contexto; não tem valor em si mesmo. Caso contrário o executante torna-se um desequilibrador sim, mas da própria equipa. (Bento, 2005).

---------------------------------------

Depois de muito tempo sem atualizar esse espaço, peço permissão à todos para aventurar-me em mais uma postagem. Desta feita, trago este exercício simples porém bem objetivo. Lembrando sempre que a implantação de toda e qualquer tarefa deve estar em íntimo contexto com o modelo de jogo da equipe e consequentemente com o que pretende seu treinador.

Bem, vamos ao exercício...

Como podemos ver na gravura o Jogador A (azul) inicia o exercício passando a bola para o Jogador B. Este, por sua vez passará a bola para o lateral que encontra-se na margem do quadrado. A e B aceleram para receber o cruzamento e finalizar a gol. O exercício recomeça do outro lado seguindo a mesma mecânica. Como variação posso acrescentar defensores. 




Por mais simples que possa parecer, esse exercício, bem executado, garante uma boa dinâmica de movimentações e principalmente aprimoramento da técnica e posicionamento tático. 

Espero que tenham gostado e espero atualizar mais assiduamente esse canal de diálogo do qual estava morrendo de saudades. Abraço a todos!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O Meu Aquecimento de jogo

"Deus nos livre dos cientistas que, contudo, não entenderam que o futebol é um feito cultural e que... não se pode interromper uma emoção." Jorge Valdano

-------------------------------------------------------


Mostrarei aqui o aquecimento que usualmente utilizo antes dos jogos. Creio que este, como tudo relacionado ao fenômeno futebol, deve ser o mais fiel possível à situação do jogo.

Antes de aplicá-lo nos jogos, costumo inserir as 'partes' nos treinamentos cotidianos, juntando, assim, aos poucos, o quebra-cabeça. Esse aquecimento foi modelado para uma equipe que tem sua estrutura baseada no 1-4-4-2

1ª Parte (3 Minutos)

Primeiramente, reservo os 3 minutos iniciais para movimentações livres e alongamentos dinâmicos, também de forma livre. Conscientizo, nos treinamentos, os atletas sobre as formas de movimentações e de alongamentos. Os 16 atletas dividem-se em 2 grupos com coletes diferentes (8+8). Os goleiros ficam a trabalhar com o seu treinador específico.



2 Parte - (4 minutos)

Essa segunda parte é dedicada a movimentações com bola envolvendo troca de passes rápidos e precisos. 

2.1 (2 minutos)

Jogadores verdes distribuídos fora do quadrado, como no desenho abaixo, servindo de apoio. Jogadores amarelos dentro do quadrado para realizar as movimentações. O jogador amarelo de posse de bola se movimentará pelo quadrado conduzindo a bola e escolherá aleatoriamente um jogador verde para efetuar um passe. O jogador verde fará uma parede devolvendo a bola para o mesmo jogador que fará um segundo passe e sairá em ritmo acelerado pra passar por trás do jogador verde e receber novamente a bola. Finalizando  isso, o jogador amarelo escolherá outro jogador para repetir o processo. Deve-se orientar o jogador a alternar os lados evitando, com isso, jogar com o jogador verde vizinho.

Essa movimentação tem duração de 1 minuto. Alterna-se as equipes em seguida.



2.2 (2 minutos)

Nessa fase as movimentações são alternadas e não existem equipes fixas dentro ou fora do quadrado. O jogador de posse de bola realizará um passe rápido e preciso para o jogador verde, este fará uma parede para o jogador amarelo que devolverá a bola e ocupará o lugar deste. O jogador verde que estava como apoio agora estará dentro do quadrado e procurará rapidamente um jogador que esteja fora para realizar um novo processo.




Parte 3 (4 minutos Aproximadamente)


Nessa parte acontecem jogos 4x4 (2 tempos de 1'30''). Observem que os dois atacantes estão a realizar finalizações (aproximadamente 3 para cada) deixando, com isso, as equipes verdes em inferioridade temporária. Depois das finalizações eles se juntarão com os demais. Observem também que os jogadores suplentes também participam nessa fase.




Parte 4 (6 minutos Aproximadamente)

Essa fase é dedicada a movimentações específicas utilizando-se de ações técnicas próximas das que acontecem no jogo.
A equipe é distribuída conforme o desenho abaixo com 4 jogadores no meio-campo, 2 laterais, 2 atacantes e 2 zagueiros (amarelos) e mais 1 goleiro (que não foi incluído no desenho por descuido). Nessa fase os jogadores suplentes estarão realizando uma rodinha de bobo.
Essa parte é dividida em 3 movimentações:

4.1 - Movimentação 1

O jogador de meio campo com a posse de bola passará a bola ao atacante. Este realizará uma parede para o mesmo meia que passou a bola e irá para o 2º pau. O meia passa a bola para o lateral e se aproxima para a posição de rebote criando uma situação de 3x2. O lateral irá procurar a melhor opção para o cruzamento ou bola rasteira. Essa fase encerra-se quando os 4 jogadores do meio realizarem essa ação. Ou seja, 2 ações do lado direito e 2 ações do lado esquerdo de forma alternada.


*Cada movimentação encerra-se com finalização dos meias com auxílio dos atacantes 
(1 finalização cada)


4.2 - Movimentação 2

O Meia efetua o passe para o lateral. O lateral fará um passe para o atacante que devolverá de primeira para o meia. O meia passará a bola no fundo para o lateral que realizará o cruzamento. O meia que iniciou a jogada sempre irá aparecer no rebote para configurar uma situação 3x2.


*Repete-se a finalização dos meias.


4.3 - Movimentação 3

O Meia efetua o passe para o lateral. O lateral fará um passe para o atacante que devolverá de primeira para o meia. O meia, desta vez, passará a bola para o lateral do lado inverso que realizará o cruzamento.


*Finalização dos meias




Parte 5 (1 minuto Aproximadamente)

Sprints variados

--------------------------------------------------------------------------------------------

Abraço a todos!

sábado, 2 de junho de 2012

Fortes sem pisar na academia

Venho transcrever um texto que o colega Rodrigo Almeida nos enviou (agradeço o mesmo pela partilha de interessantes artigos) e que retrata um pouco do trabalho de Mourinho e sua comissão no Real Madrid. Texto simples e sem nenhuma surpresa para os que se familiarizam com a forma de trabalhar do Special One, porém é sempre de grande valia ler, ver ou ouvir sobre o dia a dia de trabalho em Valdebebas. 


Lembrando que esse texto é escrito sob a ótica do jornalista DIEGO TORRES do Jornal El País.

FORTES SEM PISAR NA ACADEMIA


Mourinho consegue que os jogadores do Real Madrid alcancem o 'pico' de aptidão ótima, sem pesos ou sessões de preparação física.

DIEGO TORRES - Madrid - 26/04/2011 - Véspera da partida de Ida das semifinais da Champions League 2010/11

                                       

A primeira coisa que impressionou muito os jogadores do Real Madrid quando começaram a temporada com José Mourinho no verão passado foi que não havia sessões dedicadas exclusivamente ao treinamento físico. O preparador, Rui Faria, o braço direito do técnico, não colocou os jogadores a realizar corrida contínua para exercitar o coração e os pulmões, nem  projetou circuitos para trabalhar a potência, ou subidas em rampas e obstáculos para saltar. "Só fazíamos jogos de 3x3, 3x2, 4x3, 5x5 ...", lembra um jogador. "Jogávamos todos os dias em um campo que variava em amplitude, com traves, que aumentavam ou diminuíam em número ou tamanho". 

                                       

"A resistência e a potência, melhoram favorecendo a parte tática", diz o treinador. 

Os jogadores ficaram incrédulos. "Você vai ficar muito bem ao final da temporada." Mourinho tranquilizava. Ao final, o plantel trabalhou sem realizar o tradicional trabalho físico. Só jogos com bola. Rotinas descontraídas, porém intensas, o que naturalmente tornou-se mais conhecido como exercitar o corpo e a mente, o físico e a tática.

No livro Por que tantas vitórias? Mourinho afirma que seus treinamentos são realizados, desde o início, com a presença da bola, tudo gira em torno da organização do futebol. No processo de organização, os jogadores são treinados para jogar e, portanto, evoluir fisicamente. "Na busca do lado tático, estou favorecendo todos os outros componentes de desempenho", diz, "a partir da necessidade tática surge todo o resto. Eu não acredito em equipes bem ou mal preparadas fisicamente, mas em equipas identificadas ou não com um dado modelo de jogo. Porque a adaptação fisiológica é sempre específica para essa forma de jogo. Preocupações técnicas, físicas e psicológicas, tais como concentração, surgem por arrasto. 

Oito meses após o início da temporada, o Real Madrid chegou ao auge de sua condição física. E tem uma vantagem sobre o Barça na próxima rodada da Liga dos Campeões, seus jogadores estão descansados. Além disso, conta com um maior elenco e isso permitiu  que os jogadores do Madrid jogassem uma média de 300 minutos competitivos a menos do que seus adversário. 

Até agora nesta temporada, o método não mudou. Pelo contrário. Estes dias, os titulares habituais, como um Cristiano, Ramos ou Alonso, seguem treinando. As sessões sobre a grama são mínimas. Quinze minutos, alguns alongamentos e descansar. A academia está reservada para jogadores lesionados ou aqueles com algum déficit a ser corrigido.


Os treinamentos duram aproximadamente 1 hora e se desenvolvem em alta intensidade,  e  os exercícios são cuidadosamente cronometrados, de 10 a 20 minutos. Os jogadores dizem que não podem parar. Devem estar sempre em movimento e se aproximando das tensões máximas. "Você tem alguns segundos para se recuperar e se hidratar, e se você se distrai conversando com alguém pode acabar ficando sem beber água" Ele explicou. Ciclicamente, Mourinho interrompe os jogos para trabalhar automatismos defensivos com grupos de 11. Neste ponto, todo mundo reconhece que o trabalho de Português é excelente.

Graças a seu sucesso, Mourinho popularizou um método, o treinamento integrado, que começou a ser concebido em Barcelona sob o comando de Louis van Gaal. O treinamento é derivado de uma invenção de Paco Seirul-lo quando era o preparador físico de Valero Rivera no handebol do clube. De lá, ele  transferiu esse sistema para o  futebol com Johan Cruyff e Van Gaal. "Historicamente, quase todo o treinamento físico não estava relacionado com as necessidades do jogador eo jogo, porque ele veio inspirado no mecanicismo e behaviorismo", afirma Lillo, "os treinadores antigos vieram do atletismo e foram inspirados pela teoria linear. Mas se existe algo não é linear, esse algo é um ser vivo. muito menos uma equipe de 25 seres vivos. Como Lillo disse: "No futebol, o treinamento físico sem a bola é como treinamento de força de braço de Nadal sem integrar o braço para o corpo."

Rui Faria e Mourinho aplicam isso em Madrid. E os jogadores agradecem.

http://www.elpais.com/articulo/deportes/Fuertes/pisar/gimnasio/elpepidep/20110426elpepidep_1/Tes28/04/11

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Treinamento de Força no Futebol - Um olhar reflexivo

Para se tocar piano, ninguém visualiza o pianista correndo em volta do referido instrumento musical para adquirir resistência no intuito de produzir belas melodias. (FRADE)
________________________


Quebrar paradigmas no Futebol é uma tarefa por demais complicada. Embora, tenhamos acompanhado, ao longo das últimas décadas, cair por terra diversas 'verdades' antes tidas como absolutas. 
Em um país com uma cultura futebolística muito forte, como é o caso do Brasil, essa intenção fica cada vez mais difícil. Com relação a isso, iremos falar sobre o treino de Força no futebol. 




O futebol moderno está cada vez mais rápido e com isso o culto à Dimensão Física tem aumentado de maneira exacerbada ano após ano.  Aqui no Brasil, este tipo de treinamento tem sido caracterizado, em sua grande parte, pela utilização de aparelhos em academias.
Saliba e Hrysomallis (2001) e Reilly (1994) referem que o treino da força pode contribuir efetivamente para a melhoria da performance de remate em jogadores de futebol. Embora, a prevenção de lesões seja também um dos objetivos perseguidos por este tipo de treinamento. De Proft et al (1988) referem estar demonstrado que o treino do futebol aumenta a força, mas que a associação deste a um programa de treino de força individual irá resultar em níveis de força superiores, melhores performances de remate e melhor performance funcional, considerando sempre que as habilidades técnicas são uma determinante importante do remate. 
Porém, 'Atendendo' ao princípio da Especificidade, novos métodos tem sido implantados. Os preparadores Físicos tem 'transferido' as academias para o campo de jogo. Pesos livres, Halteres, saltos, pliometria, cintos de tração, mudança de direção etc. fazem com que o treino torne-se mais 'específico'.
Antes de continuarmos vejamos o que dizem alguns autores sobre o Princípio da Especificidade: 


"Aquele que impõe, como ponto essencial, que o treinamento deve ser montado sobre os requisitos específicos da performance desportiva, em termos de qualidade física interveniente, sistema energético preponderante, segmento corporal e coordenações psicomotoras utilizadas." Dantas (1998)


"O princípio da especificidade preconiza que sejam treinados os aspectos que se prendem directamente com o jogo (estrutura do movimento, tipo de esforços, natureza das tarefas…) no sentido de viabilizar a maior transferência possível das aquisições conseguidas no treino para o contexto específico do jogo." (Garganta, 1999).


Pegando essas definições como balizadores práticos do treinamento, fica visível desta forma, e por demais notório o conflito do Princípio da Especificidade com a prática realizada nos treinamentos. Ou seja, TREINA-se de uma forma para JOGAR de outra.
Segundo Bangsbo (1994) os treinamentos de força especial para futebolistas devem ser realizados com movimentos relacionados às ações motoras do jogo pela influência da adaptação neural na produção de força, em que este elevado nível não poderá ser utilizado efetivamente se o atleta não for capaz de coordenar a ativação dos diferentes grupos musculares no movimento. 
Jorge Maciel, treinador português, em uma entrevista concedida ao amigo Luis Esteves (www.organizacaodejogo.blogspot.com) fala sobre a musculação no futebol sob a perspectiva da Periodização Tática. Transcrevo aqui alguns trechos:

Considero que de uma forma geral a musculação é desnecessária para se jogar futebol. E aqui não estou a contemplar a possibilidade de haver jogadores com patologias, ou até mesmo a necessidade de nós termos sensibilidade para perceber que há jogadores que fruto da sua habituação a fazerem-no têm necessariamente que o fazer, pois caso não o façam sentem-se desconfortáveis. Mas também nesses casos a nossa intervenção deverá ser no sentido de diminuir e quem sabe abolir com tais necessidade subconscientes somatizadas.
(...)
A musculação procura retratar uma realidade irreal, é um contexto postiço, desde logo porque não permite estar em relação com a bola e o contexto de jogo, por isso terá necessariamente perdas. A propriocepção é algo concreto, contextual e os estímulos que emanam do contexto de jogo não são passíveis de serem reproduzidas numa sala de musculação.
(...)
Eu entendo o Corpo como uma realidade inteligente, que como tal carece de ser aculturada. Trata-se inegavelmente de uma realidade plástica, sobre a qual o treino pode actuar. Mas que treino?! Para mim a plasticidade tem de rimar com selectividade e consequentemente com Especificidade. Nós tornamos-nos selectivos pelo que fazemos, assim como a adaptabilidade que imana do que fazemos tem a ver com essa selectividade.

Nesta linha, Silva (1990) refere que para treinar a Força Rápida não são necessários aparelhos complicados nem salas de musculação, sendo possível recorrer-se a formas acessíveis (sprints, mudanças de direcção, multisaltos, etc). Assim, sempre que possível devem-se selecionar exercícios que englobem situações de jogo ou formas reduzidas. 
Diante de tudo o que foi exposto, o que fica claro é  que, a Especificidade vai muito além da forma com a qual convencionalmente a enxergamos. Vendo o futebol como um esporte coletivo  cheio de imprevisibilidade, fruto decorrente das interações entre os jogadores de uma mesma equipe em oposição/interação com jogadores de outra equipe, e tratando-o como um fenômeno complexo, a preocupação que se deve ter com relação ao treinamento seria a aquisição de uma forma ótima do JOGAR que se pretende.  Quero dizer com isso que o treinamento não deve ser reduzido e empobrecido à questões 'puramente físicas'.  Pivetti (2012) vem corroborar com essa questão ao afirmar que o que se pretende é realmente a incorporação funcional coletiva de uma função tática do modelo de jogo, e não uma valência condicional em particular. 
Não se quer, com isso, dizer que não deve-se dar atenção ao treinamento de força no futebol, e sim, deixar claro que, tanto esta como as demais demais  valências condicionantes devem ser subjugada pelo modelo de jogo que a equipe pretende desenvolver, em função de treinamentos que priorizem um estado otimizado de um JOGAR pretendido, e  isso é perfeitamente possível de se adquirir treinando-se em ESPECIFICIDADE!
_____________


REFERÊNCIAS:


BANGSBO, J. The physiology demands of playing soccer. In: EKBLOM, B. (Ed.).
Football (soccer). London: Blackwell Scientific, 1994c. Cap.4, p. 43-58.


DANTAS, EHM A prática da preparação física. 4º ed. Rio de Janeiro: Shape, 1998.

De PROFT, E., Cabri, J., Duffour, W., & Clarys, J. (1988). Strength training and kick performance in soccer players. In T. Reilly, A. Lees, K. Davids, & W. J. Murphy (Eds.), Science and football (pp. 108-113). London: E. & F. N. SPON.

GARGANTA, J. (1999). O desenvolvimento da velocidade nos jogos desportivos colectivos. Revista Treino Desportivo. n° 6, pp: 6-13.

MACIEL, J. Conversa de Futebol - Metodologia, treino e ideias sobre futebol [16/09/2011]. www.organizacaodejogo.blogspot.com Entrevista concedida à Luis Esteves

PIVETTI, BMF. Periodização Tática – O futebol-arte alicerçado em critérios. 1ª ed. São Paulo: Phorte, 2012.

SILVA, J. (1990): A propósito do treino da Força Rápida no Futebol. Treino Desportivo, 18: 19-23

WEINECK, J. Futebol Total – O treinamento físico no futebol. 1ª ed. São Paulo: Phorte. 2000.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Aquisição - Recuperação

"O futebol e a sua organização e profissionalismo tem que ser repensados de alto a baixo, para tanto urge trazer de volta a matriz desportiva, até agora soterrada pelo negócio e a indústria." (Bento, 2008) 



Estive lendo o artigo Espiral de AutoRenovação e Lei de Roux – Uma Perspectiva Diferente do Professor Jorge Maciel que foi postado pelo amigo Luís Esteves em seu blog http://www.organizacaodejogo.blogspot.com/2012/01/espiral-de-auto-renovacao-e-lei-de-roux.html e que aborda assuntos interessantes sobre aquisição e recuperação em relação ao treino. 

O texto nos fala sobre treinar sempre em condições de frescura, ou seja, sem fadiga. Resultando, com isso, numa Resiliência Orgânica que provocaria adaptações positivas ao organismo do atleta.

Vamos então ao significado de RESILIÊNCIA: segundo o Dicionário Aurélio, Resiliência é a Propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora de tal deformação elástica.  Em outras palavras, um organismo resiliente desenvolve a capacidade de recuperar-se e moldar-se novamente a cada obstáculo e a cada desafio (estímulo). Quando mais resiliente for o organismo  maior será o desenvolvimento.

Desta forma, o artigo tenta nos mostrar a importância da recuperação no treino de futebol e entre as sessões de treino. Temos obsessão pela aquisição e esquecemos que existem dois lados de uma mesma moeda (que é única e indissociável). É por demais controverso não dar a devida importância  para a recuperação, e 'perder tempo' treinando coisas que nada tem a ver com o jogar da equipe. Escolher treinar de forma não específica do que salvaguardar os atletas para o próximo treino parece, nesse contexto no qual se refere o artigo, um grave erro metodológico.

Tomando como base a Periodização Tática e o Morfociclo Padrão com o Princípio da Alternância Horizontal em Especificidade devemos levar em conta o tipo de esforço (tensão, duração e velocidade) distribuídos em cada dia da semana. Elege-se a Quarta, Quinta e Sexta-Feira como dias de aquisição,  embora saibamos que todas as sessões contemplam o Binômio Aquisição-Recuperação.

Com relação à densidade (relação proporcional entre o tempo de exercitação e o respectivo repouso) dos diferentes dias o artigo nos propõe o seguinte: 
  • Segunda-Feira: Folga
  • Terça-Feira (Dia da Sub-Dinâmica - Recuperação Ativa): 1/8 - 1/9
  • Quarta-Feira  (Dia da Sub-Dinâmica - Tensão): 1/4
  • Quinta-Feira  (Dia da Sub-Dinâmica - Duração): 3/1 - 4/1
  • Sexta-Feira  (Dia da Sub-Dinâmica - Velocidade): 1/8 - 1/9
  • Sábado  (Dia da Sub-Dinâmica - Recuperação Ativa): 1/10
  • Domingo: Jogo
Diante do que foi exposto, fica visível uma preocupação em deixar o atleta sempre fresco  para um novo estímulo, criando dessa forma uma adaptabilidade específica decorrente de uma perfeita operacionalização do Morfociclo Padrão, respeitando os princípios da Especificidade, da Alternância Horizontal em Especificidade, da Progressão Complexa e das Propensões desde o primeiro dia de treino. 

Já presenciei treinadores gostarem de trabalhar sempre em fadiga, com o pretexto de se criar no organismo uma adaptabilidade sobre a mesma. Ou seja, em sua ótica, estando a trabalhar sobre a fadiga, logo logo o organismo 'encontraria' um meio de se adaptar à esse cenário e criaria uma resistência maior aos estímulos presentes no jogo. Isso parece-me meio militarista, tal e qual o Preparador Físico que sente-se bem ao ver um atleta seu com ânsia de vômito durante um exercício intenso e extenuante. Esse quadro pode-se facilmente transformar-se numa Fadiga Crônica por conta de um desajuste do 'volume' de trabalho e repouso, por excesso de treinoO mais engraçado é, depois de tudo isso, apoiar-se em suplementos, crioterapia, piscinas, corridinhas de baixa intensidade e etc. para 'acelerar' a recuperação desse mesmo atleta. Sobre isso, recorro a uma citação do professor Jorge Maciel:



" O recurso a tais meios poderá constituir-se como um estorvo e até de certa forma como uma dependência por parte do organismo em relação àquele que é um dos meus objetivos com o treino. O Professor Vítor Frade tem uma expressão muito boa relativamente ao que tento referir, quando diz que recorrer a esses meios consiste em “dar muletas ao corpo”."




Creio que tudo se resume ao treinar em Especificidade. Quero dizer com isso que, treinando de forma Específica a minha ideia de Modelo de Jogo, irei priorizar a qualidade do treino e não a quantidade. Desta forma não perco tempo com coisas alheias ao jogo que de nada servem além de (na maioria das vezes)  'encher linguiça' e mostrar aos Diretores, Jogadores, Torcedores que 'treina-se' muito.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

10 anos

Novamente dentro dos gramados deparo-me, cheio de satisfação e alegria, com um mundo de possibilidades que o futebol nos proporciona. Uma dessas possibilidades é colocar em prática, dentro do campo (ou fora dele), o conhecimento que adquirimos ao longo dos tempos  através do 'entendimento' que temos sobre o futebol. Tenho falado que o modo como treinamos é reflexo de como enxergamos e entendemos o jogo. Desta forma, recorro agora a uma citação na qual, acredito eu, explica bem o que tenho falado:

“A maneira como o indivíduo apreende e interpreta a informação depende da sua experiência, dos seus valores, das suas aptidões, das suas necessidades e das suas expectativas. Temos tendência para reter os dados que são compatíveis com as nossas convicções e as nossas ideologias, e que nos convêm. “ (Abravanel, 1986)

Lembro-me bem que, 10 anos atrás quando iniciei minha trajetória dentro dos campos, como membro de comissões técnicas, tinha uma visão de futebol totalmente diferente da que tenho hoje. Isso era fruto da corrente de pensamento da faculdade onde me formei. Lá bebi da fonte do conhecimento cartesiano, das tendências de treinamento do leste europeu. Durante alguns anos enxerguei o futebol de maneira conservadora, reducionista e arcaica. Porém, consigo perceber que mudei bruscamente o meu modo de enxergar e entender o futebol nesses 10 anos.

Não tenho a metodologia certa e não creio que alguém a tenha. E desta forma recorro a uma nova citação para contar o que pretendo dizer com isso:

“(…) O êxito no futebol tem mil receitas . O treinador deve crer numa, e com ela seduzir os seus jogadores” (Valdano, 1998: 210)

O que acreditamos ser o certo hoje, amanhã corre um grande risco de não mais ser. Devemos tentar sempre estar abertos a novas possibilidades, pois como disse Abravanel, na primeira citação, costumamos dar atenção somente ao que nos convêm, de acordo com nossas ideologias e convicções atuais, e temos tendência em renegar o que não se enquadra nesse contexto.

Passados 10 anos tenho a convicção que tenho procurado aprimorar os meu conhecimentos sem descartar qualquer possibilidade. Investigando, interagindo, praticando, experimentando, falhando, tentando novamente, acertando, vibrando... sempre com entusiasmo e agradecido à Deus por ter me dado oportunidade de fazer parte desse mundo fascinante do futebol!


sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Finalização


Olá, pessoal. Depois de um período ausente volto a postar este exercício que tenho em minha base de dados. Desde já, informo que este exercício não é uma criação minha.  Encontrei-o em pesquisas realizadas e achei interessante, adaptá-lo, desenhá-lo e inserir esse exercício em meus treinamentos  (desculpe-me o autor do mesmo, pois não lembro mais onde o encontrei ).
Bem, vamos ao que interessa! Este exercício de finalização inicia-se com o passe do treinador para o jogador A, este escolhe pra onde direcionar o passe (lado direito ou esquerdo). Neste caso, vemos que ele escolheu a equipe do lado esquerdo, esses então passam a fazer parte de sua equipe e atacarão a equipe do lado contrário. Provocando uma situação 3x2. Ao final da repetição os jogadores fazem o rodízio de posições: A para B, B para C, C para D... e assim sucessivamente. Todos os jogadores, neste exercício terão momentos de ataque e defesa. O treinador deverá enfatizar a importância da velocidade nas ações.
Espero que tenham gostado. Até beve!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O que é a Periodização Tática?



Venho aqui somente transcrever uma parte do artigo do Professor Xavier Tamarit que achei pertinente postar.  Abraço à todos!

"Não pense que você está no caminho certo só porque é um caminho já trilhado por muitos"
Anônimo


________________________________________________________________________


¿QUÉ ES LA “PERIODIZACIÓN TÁCTICA”?
Vivenciar el <>; para condicionar el Juego

Xavier Tamarit Gimeno

“¿Cuándo se admitirá que un movimiento deportivo descontextualizado o desajustado (movimiento <>) de la respuesta correcta es, por más sudor que exija, una juego…, y que una percepción mental correcta de una situación es ya (antes del gesto) una práctica?”,

Vítor Frade (1985)

4.1. La Supradimensión Táctica para alcanzar el juego pretendido
“El Fútbol (entiéndase el <>) deberá tener como núcleo director la dimensión táctica del juego porque es en ella y a través de ella que se consubstancian los comportamientos que ocurren durante un partido”, Garganta (1997 cit. por Freitas, S. en 2004)

Como hemos dicho, la “Periodización Táctica” respeta el Principio de “entereza inquebrantable” del Juego, globalizando en cada ejercicio las cuatro dimensiones que forman el Fútbol, así como sus cuatro momentos, siendo los Principios y Subprincipios del <> los únicos que se desintegran, asumiéndose el Modelo de Juego como referencial de todo el Proceso. El entrenamiento será, por tanto, el encargado de hacer que los jugadores conciban la manera de <> que pretende alcanzar su Entrenador.
Sin embargo, pese a la globalidad que adquieren los ejercicios, las cuatro dimensiones que forman el Fútbol no pueden ser vistas bajo el mismo grado de preocupación, por ello precisan ser jerarquizadas de acuerdo con el ejercicio en cuestión. Si el Modelo de Juego es el referencial de todo el Proceso, el aspecto/dimensión táctico será siempre el guía de todo ejercicio, surgiendo los demás factores por arrastre.
Para el Profesor Frade (2003 cit. por Freitas, S. en 2004) “lo táctico no es físico, ni es técnico, ni es psicológico, pero necesita de todas ellas para manifestarse”. 
También para Amieiro, N., Oliveira, B., Resende, N. y Barreto, R. (2006) “entiéndase que cualquier acción técnica, o física, tiene siempre subyacente una intención táctica”.
Por tanto, el factor táctico aparece como una Supradimensión que deberá ser guía de todo el Proceso de Entrenamiento. Así lo entiende también Oliveira, J., cuando dice que“el Modelo de Juego adoptado (El autor ya no utiliza este término ya que el Modelo de Juego es creado por el Entrenador y no adoptado) y los respectivos principios deben ser sujetos a un cuidadoso proceso de periodización y planeamiento dinámicos, lo que presupone que el componente físico, técnico y psicológico aparecen arrastrados por el componente táctico pero siempre en paralelo”.
Es por ello que el Entrenamiento debe cobrar una importancia extrema a nivel táctico, tratando todos los aspectos que el Entrenador quiere que ocurran (Modelo de Juego) dentro del terreno de juego en los distintos momentos que el Fútbol pose(momento ofensivo, momento defensivo, transición ataque – defensa y transición defensa – ataque). De ahí, la importancia extrema del Entrenador tener una Cultura Táctica claramente definida en cada uno de los momentos del Fútbol y, basándose en ella dar la máxima coherencia al Proceso a seguir (operacionalización de esta Concepción de Juego).

También para Mourinho, J. es el Modelo de Juego el objetivo prioritario cuando afirma que, “una de las premisas de mi trabajo es que los jugadores bajo el punto de vista táctico, sepan claramente como se juega, a que jugamos, cuales son las funciones de cada uno”, cosa que se consigue a través del entrenamiento y entendimiento de los diversos Principios y Subprincipios sin perder el “todo” de vista.
Todos ellos coinciden en que conseguir un Modelo de Juego lleva tiempo, por ello es necesario entrenarlo desde el primer día de entrenamiento, y subordinarlo todo a la supradimensión táctica.

4.3. La Especificidad: Principio de Principios

“Será el principio de Especificidad quien dirija la Periodización Táctica”, Vítor Frade (2001 cit. por Tavares, 2003)

El hecho de ser la supradimensión táctica quien debe orientar cada ejercicio, procurando una determinada forma de <> caracterizada por ciertos Principios y Subprincipios que conforman un Modelo de Juego (permitiendo el aparecimiento del resto de dimensiones por arrastre) provoca que cada ejercicio esté dotado de una Especificidad del <> que queremos. O sea, siempre estamos entrenando nuestro  (aunque como veremos en el Capítulo10, cada día trabajaremos una estructura respetando de este modo la recuperación– Principio de Alternancia Horizontal), y esto provoca que el entrenamiento sea Específico de nuestra manera de juego.
Estamos hablando de una Especificidad total en cada una de las dimensiones, esto es, una Especificidad que acompaña al <> que pretende desarrollar el Equipo en todos sus factores (Especificidad táctica, técnica, física y psicológica).
De este modo, surge en la Metodología el Principio de Especificidad, que debe ser cumplido en todo momento del entrenamiento, pasando a determinarse como el Principio de Principios de la “Periodización Táctica”. Según Oliveira, J. (1991 cit. por Freitas, S. en 2004) “no basta afirmar que ella es importante, es necesario que este principio se asuma como el <> y sea el baluarte de toda una metodología adoptada”. El Principio de Especificidad dirigirá, por tanto, la “Periodización Táctica”
Sin embargo, tenemos que diferenciar entre una especificidad con minúscula, y una Especificidad con mayúscula. Según Oliveira, J. (1991 cit. por Freitas, S. en 2004) “sólo se puede llamar Especificidad a la Especificidad si hubiese una permanente y constante relación entre los componentes psico-cognitivos, tácticotécnicos, físicos y coordinativos en correlación permanente con el Modelo de Juego adoptado y sus respectivos Principios que le dan cuerpo”. Por lo tanto es una Especificidad del juego y que lleva consigo una Especificidad física, técnica y psicológica. Como dice el autor, “toda actividad se debe orientar siempre por ese esfuerzo Específico requerido por el Modelo de Juego”. A esto se refiere.
Faria, R. (1999 cit. por Freitas, S. en 2004) cuando asegura que, “no es suficiente una especificidad-modalidad, es necesario una sub-Especificidad-Modelo de Juego”, evidenciando la diferencia existente entre “Entrenamiento Integrado y Periodización Táctica”.
Resende, N. (2002) nos explica la diferencia existente entre Especificidad y especificidad cuando afirma que, “un entrenamiento Específico es diferente de un entrenamiento compuesto por ejercicios situacionales. Importa destacar que la Especificidad apenas está asegurada y es trabajada de una forma efectiva si las cargas a las cuales los jugadores están sujetos, también estuviesen interconectadas al Modelo de Juego adoptado y sus respectivos Principios, pues en caso contrario se está hablando de ejercicios situacionales”.
A esto se refiere Rui Faria (cit. por Carvalhal, C. en 2001) cuando dice que, la “Periodización Táctica/Modelización Sistémica obliga a una descomposición juego/complejidad, articulándolo en acciones también ellas complejas, acciones comportamentales de una determinada forma de jugar - Modelo de Juego/modelo de complejidad. Esta articulación surge en función de lo que se pretende ver instituido - un concepto de acciones intencionales, una cultura de juego - y por consecuencia una adaptación Específica, que es la táctica/sistémica (entendida como cultura), arrastra consigo aspectos de orden técnico, físico y psíquico. Este concepto reclama así el respeto por el Principio de Especificidad”. Según este mismo autor, “las adaptaciones no se limitan sólo a los cambios fisiológicos, sino también, según Bompa (1983), a implicaciones precisas en los factores técnicos,tácticos y psicológicos”.
Podemos decir entonces que la “Periodización Táctica” basada en esta Especificidad “piensa” el entrenamiento como un diálogo, donde el ataque, la defensa y las diferentes transiciones, interaccionan sin orden establecido. Lo que se pretende entonces, es que los entrenamientos sean simuladores lo más reales posible de los partidos a los que aspiramos… ¡protagonizar!, pues tal y como dice Le Moigne, J.L. (citado por Gutiérrez, G. en 2002), “la legitimación de los modelos simbólicos por la cual éstos describen sus enunciados enseñables no puede fundarse en una analogía experimental e icónica (no ambigua). Pasa por una analogía de comportamientos simulados, simulaciones efectuadas sobre modelos simbólicos. Y la simulación de los modelos simulados no es neutra: afecta a los modelos en sí mismos… Todo conocimiento es estructuralmente circular y autoreferencial. El buen uso de un modelo requiere el reconocimiento previo de su necesaria ambigüedad. El operador que establece la relación intencional de un sujeto con un conocimiento no es un operador cartesiano, claro y distinto”, requiriendo por tanto ejercicios Específicos que ayuden a entender la forma de  que queremos, a través de sus Principios y Subprincipios, así como sus Articulaciones.
De esta forma, los ejercicios que procuren la organización de un Equipo deben simular momentos de la competición, y ese simular se tiene que traducir en ejercicios que en su propia esencia no descontextualicen aquello que es o va a ser la realidad competitiva. Como dice Portolés, J. (2007) “podemos decir que dos sujetos con iguales bases estructurales pueden diferir mucho en su rendimiento y eficacia en los comportamientos según sea su capacidad para activar y dirigir de forma controlada y precisa dichos comportamientos hacia el objetivo final deseado”. El autor continúa diciendo que, “esta capacidad personal de activación y dirección controlada es una función compleja en sí misma pero lo es más cuando
el objetivo a alcanzar no está perfectamente delimitado desde un principio”.
Es por ello que debemos conseguir que el mayor número de jugadores piensen de la misma manera ante una situación dada, o sea, que tengan un objetivo claro (Principios y Subprincipios del  que llevan al Modelo de Juego pretendido) desde el primer día. Esto es conseguido a través de ejercicios que simulen la realidad del Juego que aspiramos conseguir.
La “Periodización Táctica” trabaja siempre en Especificidad, no dando lugar, por tanto, a ejercicios analíticos y descontextualizados. Es por ello que rechaza entrenamientos físicos o técnicos separados del Modelo de Juego, ya que esto conduce a una inEspecificidad en el Proceso con sus posteriores consecuencias (como veremos en el Capítulo 11).
No hay que confundir el Entrenamiento “Integrado” con la “Periodización Táctica”. Nosotros estamos hablando de una Especificidad relacionada con la forma de , distinta de la especificidad del Jugar que predomina en la forma “Integrada”, aunque evidentemente, también tenga ejercicios Específicos.

7. LA NECESIDAD DE ENTRENAR EN CONCENTRACIÓN (TÁCTICA) COMO RESULTADO A UN PROCESO EN ESPECIFICIDAD Y QUE PERMITE ALCANZAR ESA ESFERA DE UN “SABER SOBRE EL SABER HACER”

“Correr por correr tiene un desgaste energético natural, pero la complejidad de ese ejercicio es nula, y como tal, el desgaste en términos emocionales tiende a ser nulo también, al contrario de las situaciones complejas donde se exigen a los jugadores requisitos técnicos, tácticos, psicológicos y de pensar las situaciones, eso es lo que representa la complejidad del ejercicio y que conduce a una concentración mayor”. Mourinho, J. (citado por Freitas, S. En 2004)

7.1. Importancia de la concentración

“El fútbol de rendimiento superior exige de los jugadores una constante solicitación táctica, tanto en el partido como en el entrenamiento. Es necesario que lo que ellos estén haciendo, lo hagan de una forma concentrada. En este sentido, los buenos desempeños de entrenamiento reclaman elevada concentración para aquello que el entrenador pretende”, Vítor Frade (2003 cit. por Gaiteiro, B. En 2006)
La concentración según Orlick (1986 cit. por Freitas, S. en 2004) es la “habilidad para cada uno dirigir al máximo su atención hacia los aspectos relevantes de la tarea”.
Para otros autores como Schmid y Peper (1991 cit. por Morilla, M., Pérez, E., Gamito, J.M., Gómez, M.A., Sánchez, J. y Valiente, M. en 2002) “la concentración es una destreza aprendida, de reaccionar pasivamente o de no distraerse ante estímulos irrelevantes”. Además, añaden que “la concentración también significa el estar totalmente aquí y en el ahora, en el presente”. Según Silverio y Srebro (2002 cit. por Freitas, S. en 2004), “la concentración incluye dos elementos: 1). Capacidad de prestar atención a la información pertinente e ignorar lo irrelevante y los estímulos perturbadores. 2). Capacidad de mantener la atención durante un largo periodo de tiempo (90 minutos más descuento)”.
La importancia que adquiere la concentración en la competición es evidente. Tal como nos dicen Orlick y Nidefeer (1986 y 1991 cit. por Freitas, S. en 2004), “la concentración es un factor decisivo en la competición, tanto en deportes colectivos como individuales”. Para Morilla, M., Pérez, E., Gamito, J.M., Gómez, M.A., Sánchez, J. y Valiente, M. (2002) “la concentración es uno de los aspectos esenciales para alcanzar el máximo nivel para el que cada deportista esté capacitado”.
Dicha importancia podemos comprobarla a través de diversas entrevistas realizadas por los medios de comunicación a Entrenadores y jugadores profesionales, que la consideran esencial para la obtención del éxito. Entre algunas de ellas, destacamos la de Luis Fdo. Tena, entrenador del América de México, cuando habla de la importancia de la concentración para alcanzar el éxito, al afirmar en el diario As (14 de diciembre de 2006) refiriéndose a su partido del Mundial de Clubes frente al F.C. Barcelona que, “nos enfrentamos a una escuadra
perfecta, que siempre juega con la máxima concentración”.
Queda claro que todos le damos una gran importancia a la concentración en el Fútbol. Sin embargo, no es un aspecto que se entrene, y si se hace es de forma inEspecífica, lo que provoca incapacidad de concentración durante un prolongado periodo de tiempo (en nuestro caso 90 minutos mínimos) para una misma tarea.
Nuestro Pensamiento, nos lleva a que la concentración debe entrenarse, operacionalizarse en el Proceso de Entrenamiento. Para De le Vega, R. (2003) ante la falta de concentración durante el partido “deberíamos estudiar y analizar bajo que condiciones entrena el jugador porque si sólo se le exige una concentración mantenida durante poco tiempo, cabe esperar entonces que en el momento de la competición también lo haga (lo que se entrena se refleja en las competiciones)”.

7.2. La “concentración decisional” (táctica) exigida en la “Periodización Táctica”  (gracias a su Especificidad)

“El trabajar y operacionalizar el Modelo de Juego implica concentración”, Faria, R. (2002 cit. por Freitas, S. en 2004)

La concentración de la que estamos hablando y, que queremos operacionalizar en los entrenamientos, no es una concentración general, sino una concentración Específica de una forma de , por lo que la llamaremos “concentración táctica o decisional”. Esta “concentración táctica” deberá estar presente en cada uno de los ejercicios a realizar durante el Proceso. Para Vítor Frade (2000 cit. por Freitas, S. en 2004) nuestro Proceso va en
esta dirección cuando afirma que, “la Periodización Táctica pone énfasis en la asimilación de una forma de jugar, en sus principios: organización de la defensa; del ataque; y de los principios que son sus fronteras, o sea el modo como se transita de un momento al otro, siendo que esto sólo se hace en concentración”. Ésta será, por tanto, una concentración Específica de una determinada forma de .
Oliveira, J. (cit. por Freitas, S. en 2004) va en la misma línea y nos habla de concentración Específica cuando dice que, “ser trabajada la forma de jugar exige determinado tipo de concentración, cuando nosotros dirigimos el entrenamiento para que esa forma de jugar sea una evidencia de nuestro juego, también estamos apelando para que la concentración necesaria para esa forma de jugar también sea entrenada”. Según este mismo autor, “la concentración es una de las cosas que se entrena para que en el partido nosotros seamos mejores y consigamos hacer las cosas que pretendemos”.
Es difícil, entonces, que en los entrenamientos analíticos se pueda dar esta concentración Específica que nuestro Modelo de Juego va a exigir. Mourinho, J. (cit. por Freitas, S. en 2004) se refiere a ello cuando dice que, “es la construcción de ejercicios que exigen esa misma concentración y la construcción de los ejercicios que la exigen son ejercicios no analíticos, sino ejercicios donde los jugadores tienen que pensar mucho, comunicar mucho y ejercicios de complejidad creciente que les obliguen a una concentración permanente”.
Por lo tanto, será a través de la “Periodización Táctica” (gracias a su Especificidad) que conseguiremos operacionalizar esta concentración exigida en la competición. Para Carvalhal, C. (cit. por Freitas, S. en 2004) “la mejor forma de potenciar la referida concentración, es a través de situaciones que simulen nuestra forma de jugar (…), la simulación a través de ejercicios, entrenando grandes y pequeños principios de juego de acuerdo con esos cuatro momentos, es en mi perspectiva, la única forma de entrenar la concentración, por lo menos al nivel de la operacionalización”.
Por lo tanto, como ya hemos referido, “la concentración deberá estar siempre presente en el entrenamiento, pero no una concentración cualquiera, pues ésta tiene que aparecer como una subdimensión contextualizada en el proceso de entrenamiento, en su operacionalización, tiene que ser una concentración relacionada a la cultura de juego que el entrenador pretende para su equipo, siendo que la única forma de potenciar esa concentración parece ser a través de la Especificidad del entrenamiento, a través del recurso de ejercicios realizados
en un régimen táctico-técnico, teniendo en cuenta los principios, subprincipios y subprincipios de los subprincipios del Modelo de Juego adoptado por el entrenador”, Freitas, S. (2004).

7.3. La intervención del Entrenador en la búsqueda de la concentración Específica

“A veces, los ejercicios están completamente adecuados al modelo de juego, sin embargo, debido a la intervención inadecuada del entrenador se pueden volver desajustados”, Oliveira, J. (2004 cit. por Gomes, M. en 2006)

Sin embargo, será imprescindible también la intervención del Entrenador para la consecución de esta concentración en el entrenamiento, pues según Oliveira, J. (cit. por Freitas, S. en 2004) para que la “Especificidad sea realmente adquirida no basta con que los ejercicios sean Específicos en términos de estructura de los ejercicios, es necesario que el entrenador tenga una intervención que potencie esa Especificidad”, recalcando la importancia del Entrenador, como máximo líder, siendo él quien corrija y explique ante los posibles errores y premie las virtudes mostradas por su Equipo en función del Modelo de Juego que pretende alcanzar.
A esto se refieren Robert, J., Schinke y José L. da Costa (cit. por Portolés, J. en 2006) cuando aseguran que, “de acuerdo con Bandura (1990) los atletas de Élite requieren persuasión y feedback técnico específico de entrenadores acreditados con el fin de trascender sus propios límites percibidos para alcanzar resultados del más alto nivel y consecuentemente confirmar resultados”.
Para conseguir esta concentración, por tanto, deberemos hacer sobresalir un comportamiento deseado en un ejercicio a través de la orientación emocional, con la intervención del Entrenador tal como ya hemos hablado en el Capítulo 5. Queda clara la importancia de la intervención por parte del Entrenador para la adquisición de los Principios y Subprincipios inherentes al Modelo de Juego pretendido, así como para la exigencia de concentración Específica de dicho Modelo en los ejercicios, consiguiendo transformar un “saber hacer” en el “saber sobre un saber hacer”.


5.2. Crear hábitos a través de la repetición sistemática

“Lo que Mourinho quiere es que sus preocupaciones del momento aparezcan, en la repetición, en el entrenamiento, muchas más veces que otras cualquiera. Por lo tanto, el Principio de las Propensiones es la encargada de calibrar, en especificidad, lo que se quiere que acontezca en los ejercicios cuando se da repetición”, Amieiro, N., Oliveira, B., Resende, N. y Barreto, R., (2006)

Como ya hemos reflejado en los capítulos anteriores, lo que pretendemos conseguir, a través de la “Periodización Táctica”, es una adaptación de los jugadores a una determinada forma de  pretendida por el Entrenador, y que las intenciones previas (lo que queremos que suceda) se formen en intenciones en el acto durante la competición. Según Gomes, M. (2006) “para que los comportamientos de los jugadores y equipo se inscriban automáticamente en el desarrollo del proyecto de juego del equipo es preciso crear hábitos”. Y hace mención a lo referido en el punto anterior: “A través de ellos, los comportamientos surgen al nivel del inconsciente o sea, resultan de la capacidad de anticipación dela repuesta”.
Según Frade (1998 cit. por Rocha en 2000) “cuando entrenamos para conseguir una adaptación, el proceso acontece al nivel del “saber hacer”. Para Carvalhal, C. (2001) esa adaptación es creada “a través de un hábito que se adquiere en la acción”.
Según El Diccionario Práctico Ilustrado, Lello y hermanos editores (cit. por Carvalhal, C. en 2001), hábito es “la disposición adquirida por la repetición frecuente de un acto, siendo la disposición ”, que como hemos visto anteriormente vendrá marcada por Sentimientos vivenciados con anterioridad. Bordieu (cit. por Carvalhal, C. en 2001) añade que, “la disposición es un término más amplio que el hábito y puede ser definida como un saber hacer”.
Además, nos dice que “las disposiciones pueden ser innatas o adquiridas”, y que “el hábito es una disposición adquirida, pudiendo su aprendizaje tomar diversas formas donde la simple repetición es muchas veces insuficiente”.
Esta repetición puede ser, en ocasiones, insuficiente porque ese hábito, que se adquiere en la acción, puede evolucionar o no con la repetición. Si la repetición de una acción es activa y contextualizada existirá evolución adquiriéndose “un saber hacer” nuevo. Por el contrario, si la repetición se realiza de manera no activa, las disposiciones adquiridas hasta aquí se mantendrán, pero no existirá evolución.
Dada la importancia que acoge la repetición sistemática en la transformación de “un saber hacer” en hábito, Vítor Frade (cit. por Carvalhal, C. en 2001) expone que, “para adquirir un Principio, el entrenamiento tendrá que ser ”, esto es, el tiempo de acción en términos de propensión tiene que hacer aparecer un gran porcentaje de determinadas cosas. Este es otro de los principios en que se basa la “Periodización Táctica”, el Principio de las Propensiones, que consiste en hacer aparecer un gran porcentaje de lo que queremos alcanzar, del objetivo pretendido.
Para ello, debemos condicionar el ejercicio, para que surja repetidamente el comportamiento pretendido.
La forma de operacionalizar un Principio, con el fin de conseguir una adaptación por parte de los jugadores, es entonces a través de la repetición sistemática (en Especificidad), permitida en este caso por el Principio de las Propensiones.
Imaginemos que queremos conseguir que los jugadores de nuestro Equipo hagan un tipo de presión. Realizamos un ejercicio donde 6 jugadores presionan, los tres delanteros y los 3 medios (en un sistema 1-4-3-3) ante 7 jugadores con posesión del balón, por ejemplo los 4 defensores más 3 medios. Si lo que queremos es que los jugadores adopten este Principio deberé poner normas al juego de manera que se den muchas recuperaciones del balón por parte de los jugadores que presionan, cumpliendo de esta forma la repetición sistemática que les hará llegar a un hábito.
Al ser Específico de nuestro  este hábito, podremos alcanzar la esfera del “saber sobre un saber hacer>”, que no es otra cosa que “hacer consciente lo que se quiere”, Vítor Frade (2007).

5.3. De un “saber hacer” al “saber sobre un saber hacer”

“Entrenar en Especificidad y tener en la repetición sistemática el soporte de la viabilidad de la adquisición de sus principios de juego le permite promover el aparecimiento, en el seno del equipo, de intenciones en el acto en conformidad con las intenciones previas”, Amieiro, N., Oliveira, B., Resende, N. y Barreto, R., (2006)


Sin embargo, esta repetición sistemática (conseguida con el Principio de las Propensiones) de la que habla Vítor Frade y a la que también se refiere Resende, N., cuando nos dice que, “el aprendizaje (asimilar y apropiar determinados principios del Modelo de Juego) resulta de la repetición sistemática”, deberá ser intencional y activa, o lo que es lo mismo, Específica, pues como dice Carvalhal, C. (2001), “además de la repetición, el aprendizaje requiere una estructuración intencional de las ocurrencias repetidas, siendo sus efectos más visibles, cuanto más activo fuese ese aprendizaje”. A ello se refiere Vítor Frade (cit. por Freitas, S. en 2004) cuando afirma que “sólo el movimiento intencional es educativo”.
Estamos diciendo que ese hábito que pretendemos crear en el jugador, a través de la repetición sistemática, debe ser intencional y contextualizado al Modelo de Juego pretendido.
Es por ello que Vítor Frade (cit. por Resende, N. en 2002) ve la “necesidad de emergencia de la dimensión táctico-técnica en detrimento de la dimensión física”. El autor evidencia de esta forma que el aspecto táctico debe ser el guía de todo el Proceso, dando intencionalidad al ejercicio, lo que obliga a estar activo mentalmente al jugador, produciendo en él una nueva adquisición perteneciente no sólo a la esfera del “saber hacer”, sino también a la del “saber sobre un saber hacer”.
Vemos de esta forma, que el Fenómeno Complejo Fútbol está compuesto por dos esferas del conocimiento. Una esfera centrada en el “saber hacer” y otra esfera que se centra en el “saber sobre un saber hacer”.
Si bien es cierto que el entrenamiento, a través de la repetición sistemática (cumpliendo uno de los principios fundamentales del proceso de enseñanzaaprendizaje), servirá para conseguir adquirir ciertos hábitos (“un saber hacer”), es fundamental, que ese lado adquisitivo del que estamos hablando se dé de forma contextualizada (Específica), relacionándolo con el Modelo de Juego, provocando de esta forma una determinada relación entre mente y hábito que se vuelve fundamental a la hora de transformar “un saber hacer” en el “saber sobre un saber hacer”, que se vuelve de extrema importancia, pues tal como dice Le Moigne, J.L., “en este modelo, el problema de la toma de decisiones en situaciones complejas es concebido como de representación cualitativa, ordenado a responder la pregunta sobre <>, más que la de ”.
Por ello, esta parte adquisitiva perteneciente a la esfera del “saber hacer” debe darse en toda su esencia (“entereza inquebrantable” del Juego), sin ser descontextualizada, porque sino en cierto modo se está produciendo una deformación en el entendimiento perteneciente a la esfera del “saber sobre un saber hacer”.
Además, debemos tener en cuenta, que en la sociedad en la que vivimos, hay cantidad de disposiciones motoras que son condicionadas por la cultura o el pasado de cada individuo, y que un Equipo está formado por un gran número de individuos, cada uno con sus ideas y formas de <>, de acuerdo con cada situación que el Juego exige. Por lo que la tarea del Entrenador será modelar las ideas de cada uno de los individuos que forman su Equipo, y hacer que todos ellos piensen lo mismo y de la misma manera en una determinada situación. Esto nos lleva a la esfera del “saber sobre un saber hacer” (Carvalhal, C. en 2001).

5.4. La repetición sistemática (en Especificidad): una cura contra el <>


“Cuando tenía 14 años sabía hacer cualquier raíz cuadrada, estaba cansado de hacerlas en la escuela. Sin embargo, ahora que soy licenciado no consigo hacer prácticamente ni una. La ausencia de práctica me ha hecho olvidarlas”, Tamarit, X. (2007)
El entrenamiento, sin embargo, no sólo debe basarse en la adquisición de nuevos Principios, sino también en el mantenimiento de los ya aprendidos, ya que los jugadores olvidan ante la ausencia de ejercitación de ciertos ejercicios.
Como dice Castelo, J. (cit. por Resende, N. en 2002), “la ausencia de ejercitar, en el pasar del tiempo, determinados ejercicios, hace que los jugadores/equipos se olviden, debido a la no utilización de la información retenida en la memoria y las instrucciones para su ejecución”. Además, añade que “el olvido lleva a una disminución de la capacidad de realizar acciones con los niveles de desempeño anteriormente alcanzados”. Por ejemplo, un aprendiz de guitarrista, comienza practicando el <> con su guitarra. Con el tiempo (más o menos, dependiendo su capacidad de aprendizaje), conseguirá una habilidad en sus dedos que le permitirá aumentar la velocidad de éstos para tocar las cuerdas de la guitarra. Si durante 3 meses dejara de practicar el ; para pasar a  las cuerdas, cuando intente <> de nuevo su velocidad de ejecución habrá disminuido considerablemente. Exactamente lo mismo ocurre con los jugadores de Fútbol, si dejan de practicar ciertas acciones tanto tácticas como táctico-técnicas, pierden calidad en su ejecución. 
El entrenar en Especificidad permite que los jugadores no lleguen al olvido de los Principios y Subprincipios que conforman el Modelo de Juego, ya que éstos están siendo entrenados en todo momento, así como de habilidades táctico-técnicas fundamentales para dicho Modelo. Para Castelo, J. (cit. por Resende, N. en 2002)
“al practicar repetidamente y sistemáticamente los ejercicios de entrenamiento específicos, los jugadores evolucionan a través del desarrollo de los diferentes sistemas del organismo, principalmente del sistema nervioso central”, ya que como nos dice, “educar no es meramente desarrollar los músculos, sino habituar el cerebro a comandar el cuerpo”. Y añade que, “la inteligencia es una característica muy importante, pues el atleta precisa tener perspicacia para, primero, observar y captar lo que debe hacer, para después tener capacidad de registrarlo en la
memoria y enseguida, enviar una orden que pueda ser cumplida por varios grupos musculares”. El autor da máxima importancia a la inteligencia que debe poseer “Es una enfermedad neurodegenerativa, que se manifiesta como deterioro cognitivo y trastornos conductuales. Se caracteriza en su forma típica por una pérdida progresiva de la memoria y de otras capacidades mentales, a medida que las células nerviosas (neuronas) mueren y diferentes zonas del cerebro se atrofian. La enfermedad suele tener una duración media aproximada de 10-12 años, aunque esto puede variar mucho de un paciente a otro” (Wikipedia). el jugador, y que, por supuesto, debe darse en la Especificidad que prima en el Proceso de Entrenamiento.
A esta inteligencia se refiere Garganta, J. (cit. por Resende, N. en 2002) cuando dice que en el Fútbol “no basta llegar más lejos, ni saltar más alto, ni ser más fuerte, es preciso ser más rápido, más veloz”. Más rápido en pensar, en encontrar soluciones, en encontrar el error, en descodificar las señales que lo envuelven.
Además Garganta & Pinto (cit. por Resende, N. en 2002) añaden que “los buenos jugadores se ajustan no sólo a las situaciones que ven, sino también a aquellas que prevén, decidiendo en función de las probabilidades de evolución del juego”.
Para Castelo, J. (cit. por Resende, N. en 2002) todo ello debe entrenarse para conseguir una mejora en el proceso de percepción, pues como él mismo dice “los conocimientos y la experiencia son factores preponderantes para la elaboración de un proceso perceptual, proceso éste que sólo se podrá desarrollar por la práctica en la acción”.


5.5. Despertar Sentimientos en los entrenamientos: una tarea del Entrenador


“Mourinho no sólo procura crear imágenes mentales –  en el cuerpo experiencias relativas a su jugar - sino también asociarles emociones y sentimientos que faciliten las tomadas de decisión, utilizando esa herramienta del cerebro que son los marcadores-somáticos”, Amieiro, N., Oliveira, B., Resende, N. y Barreto, R., (2006)

Si como hemos dicho, los Sentimientos tienen tanta importancia en la toma de decisiones, entendemos que será fundamental la creación de Emociones y Sentimientos (marcadores somáticos) en los entrenamientos. De esto deberá encargarse el Entrenador. 
Según Jensen (2002 cit. por Freitas, S. en 2004) “estudios de varios científicos del Centro para la Neurobiología del Aprendizaje y Memoria sugieren mejores resultados de memorización en situaciones de elevada excitación emocional”.
La memoria, de alguna manera, recuerda mejor los acontecimientos que van acompañados de una alta carga de emociones. Damásio, A. (2000) nos aclara que, “las emociones son inseparables de la idea de recompensa o de castigo, de placer o de dolor, de aproximación o de alejamiento, de ventaja o desventaja personal.
Inevitablemente, las emociones son inseparables de la idea del bien y del mal”. Vemos así que la intervención del Entrenador en cada ejercicio, transmitiendo y creando emociones (negativas o positivas) a determinados comportamientos de sus jugadores ante diversas situaciones Específicas de nuestro , influirá en futuras situaciones idénticas o similares a las ya experimentadas, ayudando en la elección de opciones a tomar, creando ciertas regularidades que dotarán al Equipo de una identidad, pues “después de estar asociadas emociones positivas a comportamientos que el entrenador desea para su Modelo de Juego, y emociones negativas a comportamientos indeseables, el jugador se da cuenta y se siente bien cuando se está comportando de acuerdo con los Principios, Subprincipios y Subprincipios de los Subprincipios del Modelo de Juego” (Freitas, S. en 2004).
También conseguiremos con ello, tal como ya hemos dicho, minimizar el tiempo de razonamiento ante dicha situación, dejando de esta forma más claridad de pensamiento para el detalle, para la creatividad.
Gilterlan Ferreira - Preparador Físico de Futebol - CREF 001193-G/RN. Tecnologia do Blogger.